<p><span>Os <strong>lobos-terríveis</strong> (“dire wolves&#8221;, do termo em inglês) foram perigosos predadores que viveram nas <strong>Américas</strong>. Seus fósseis foram encontrados na Venezuela, nos Estados Unidos e no Canadá, e cientistas acreditam que embora não fossem grandes em comparação com o lobo-cinzento, era animais formidáveis, de cerca de 80 quilos. Entre suas presas estavam bisões-antigos e mastodontes. Extintos há mais de 10 mil anos, sobreviveram apenas na ficção. Tiveram destaque na série <em><strong>Game of Thrones</strong></em>, da HBO, como os mascotes da família <strong>Stark</strong>. E apareceram em canções populares, como “Dire Wolf”, do Grateful Dead (“Quando acordei, o Lobo-Terrível/Seiscentos quilos de pecado/Estava sorrindo na minha janela/Tudo o que eu disse foi: ‘Entre’”, diz a letra). </span></p>
<p><span>Agora, a startup <strong>Colossal Biosciences</strong> conseguiu um feito inédito: trazer esse animal de volta. Três novos espécimes, <strong>Remus</strong> e <strong>Romulus</strong> (uma menção a Rômulo e Remo, os irmãos ligados à fundação de Roma que foram alimentados por uma loba), de seis meses, e sua irmã menor, <strong>Khaleesi</strong> (em homenagem à personagem de Game of Thrones), de três meses. Informações sobre os animais foram divulgadas nesta segunda-feira, 7.</span></p>
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<p><span>Para conseguir tal façanha, a Colossal analisou o <strong>DNA preservado em fósseis</strong> (dentes datados de 13 mil anos e um crânio bem mais antigo, de 72 mil anos). Ao decodificar o genoma dos animais, reescreveu o código genético do lobo cinzento usando ferramentas de <strong>edição genética, como o CRISPR Cas-9, </strong>e usou cães domésticos como mães de aluguel. Os animais estão sendo tratados em um centro de preservação da vida selvagem nos Estados Unidos, mas a localização exata é mantida em segredo para evitar visitas de curiosos.</span></p>
<p><span>Outros animais já estão sendo estudados pela Colossal. A startup pretende trazer de volta o <strong>dodô</strong>, o <strong>mamute-lanhoso</strong> e o <strong>tilacino</strong>, também conhecido como tigre-da-Tasmânia. Em março, a empresa surpreendeu a comunidade científica ao anunciar que havia conseguido copiar o DNA do mamute e usado esses dados para criar um rato lanhoso, um animal novo, com a pelagem comprida e o metabolismo acelerado do mamute.</span></p>
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<p><span>Hoje, a empresa tem<strong> 130 cientistas</strong> em seu quadro de funcionários e foi avaliada em <strong>10 bilhões de dólares</strong>. </span></p>
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<p><span>Segundo a Colossal, o conhecimento adquirido com o processo de trazer de volta animais extintos pode ser usado para <strong>ajudar outras espécies</strong> que estão ameaçadas. As informações obtidas com o lobo-terrível podem ajudar a evitar que o <strong>lobo-vermelho</strong> seja extinto. O aprendizado obtido com o mamute pode ajudar a desenvolver espécies mais robustas de <strong>elefantes</strong>, capazes de resistir às mudanças climáticas. O tigre-da-tasmânia, por exemplo, poderia ajudar na preservação do marsupial conhecido como <strong>quoll</strong>.</span></p>
<p><span>De acordo com a revista <em>Time</em>, que <a href="https://time.com/7274542/colossal-dire-wolf/" target="_blank" rel="noopener">visitou</a> os animais no centro de preservação, o comportamento dos pequenos lobos é selvagem. Em vez de interagirem com os humanos, mostram desconfiança até com os cuidadores que os alimentam desde seu nascimento. </span></p>
<p><span>Apesar do feito impressionante, há certos <strong>dilemas éticos</strong> envolvidos. Para começar, os animais usados como barrigas de aluguel podem sofrer e até morrer no parto. O processo é caro e perigoso. A reintrodução de animais há muito extintos pode causar efeitos devastadores em ecossistemas já estabelecidos. </span></p>
<p><span>Segundo o CEO da Colossal, <strong>Ben Lamm</strong>, e <strong>Beth Shapiro</strong>, diretora científica da empresa, a pesquisa genética e a recriação desses animais é a forma mais eficaz de evitar a perda da biodiversidade. De acordo com dados do Center for Biological Diversity, organização localizada em Tucson, no Arizona, até <strong>30% da diversidade genética</strong> do planeta pode ser perdida até 2050.</span></p>
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O retorno do lobo-terrível: como a ciência trouxe de volta uma espécie extinta há 10 mil anos